Por Sérgio Hicardo – TV Criar Brasília
Um novo boletim médico emitido nesta terça-feira (7) reacende o debate em torno do caso do cantor Hungria, que foi internado no início deste mês sob suspeita de intoxicação após a ingestão de bebida possivelmente adulterada. Até então, havia dúvidas rondando a presença de metanol em seu organismo — mas o documento divulgado recentemente aponta para uma reviravolta dramática.
A narrativa até então
Hungria foi internado no dia 2 de outubro, em Brasília, no hospital DF Star, com sintomas como dores de cabeça, vômitos, visão turva e acidose metabólica — quadro compatível com intoxicação por substâncias tóxicas.
No momento da alta, em 5 de outubro, os médicos afirmaram que ele teve “excelente evolução clínica”, mas que os resultados dos exames que poderiam confirmar ou descartar a presença de metanol ainda não haviam sido divulgados.
Divulgou-se ainda que o exame laboratorial liberado por um laboratório credenciado detectou 0,54 mg/dL de metanol no sangue do artista — valor acima do limite de referência, que é de até 0,25 mg/dL. No entanto, autoridades de saúde e peritos questionaram esses resultados, afirmando que os laudos não confirmavam a presença da substância ou que a bebida consumida por ele não mostrava contaminação por metanol.
A reviravolta do novo boletim
O boletim médico mais recente, disponibilizado nas últimas horas, traz revelações que complicam ainda mais o cenário:
- Confirma presença de metanol no organismo de Hungria, como indicam análises laboratoriais internas.
- Afirma que o cantor não apresenta alterações visuais, o que é relevante porque um dos efeitos mais graves da intoxicação por metanol é a lesão progressiva na retina, podendo levar à cegueira.
- Esclarece que o quadro geral do artista permanece estável, e que ele continua em acompanhamento clínico, sem sinais de agravo imediato ao sistema ocular.
- Reforça que, apesar da confirmação da substância, a evolução foi favorável, o que justifica a alta concedida anteriormente.
Esse novo boletim refuta parcialmente as versões anteriores de que não há evidência de metanol e complica o posicionamento de peritos e autoridades que até então mantinham descrédito nos laudos iniciais.
O que isso significa?
- Mudança no grau de responsabilidade técnica e criminal
Com a confirmação da presença de metanol, aumenta a pressão para que se identifique a origem da substância — seja por adulteração da bebida ou por contaminação acidental. Isso pode implicar responsabilização criminal ou civil de fornecedores, distribuidores ou do local onde o artista consumiu o álcool. - Risco de sequelas oculares diminui — até agora
O fato de não haver alterações visuais detectadas no momento do boletim é um alívio, mas não elimina a necessidade de vigilância médica contínua. Lesões induzidas pelo metanol podem se manifestar de modo lento ou tardio. - Credibilidade e conflito entre laudos
A divergência entre laudos já divulgados e o novo boletim reforça debates sobre confiabilidade laboratorial, cadeia de custódia das amostras e conflito entre instâncias judiciais, médicas e investigativas. - Contexto mais amplo de crise com metanol no país
O Brasil vive um surto nacional de intoxicações por metanol em 2025, ligado ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. Casos confirmados e suspeitos têm sido notificados em vários estados, alertando autoridades sanitárias e vigorando medidas de controle e fiscalização extraordinárias.
Próximos passos
- A contraprova laboratorial ainda será aguardada com atenção: se confirmada, a presença de metanol será definitivamente validada por instância pericial independente.
- As investigações policiais serão intensificadas para rastrear a procedência da bebida consumida por Hungria — desde o fabricante até o local do consumo.
- Os acompanhamientos oftalmológicos seguirão como prioridade, para prevenir ou monitorar eventuais danos posteriores à visão.
- A mídia e o público acompanharão com cautela novas notas médicas, vistorias e decisões judiciais que podem emergir do caso.
Este episódio pode marcar um ponto de virada no caso — de suspeita para confirmação. Com o novo boletim médico, a narrativa ganha força e urgência. Resta acompanhar se as futuras perícias corroborarão esse dado e quais repercussões terão no âmbito legal e na proteção à saúde pública.
Autor: Sérgio Hicardo – TV Criar Brasília


